. proximidade .
by Os dias do meio
vejo chegar a próxima idade
e detenho-me nesse impasse.
resulto nos gestos repetidos sem causa ou direção
moo o café, os pés aquecendo o chão da cozinha
residentes da escolha, suportando a medida contrária do vazio,
sem ordem nem caos num gesto seguro
no interior da cafeteira, a água trepa a cânula trespassando o pó,
o ânimo transfigurado segue igual, mas outro,
e desagua silenciosamente na câmara superior
tudo em volta arrepela como cabelo encrespado.
sem rumo definido, o café entra encurralado em corpo incerto
e a casa contrai as linhas do seu mapa
por debaixo da porta a água desliza cobrindo o chão em silêncio
em dois tempos o estuque do teto ensopa sem se desfazer
e então eu, submerso na minha cozinha
os braços flutuando inertes ao som do tropeço cardíaco
numa inquietação apática, entregues à velocidade do sangue que desagua silenciosamente na câmara superior numa letargia lúcida, arrítmica e familiar
repete e torna . outra vez tu . da capo
a mão sobre nenhum rosto e os braços suspensos no mar imenso da cozinha
sem rima nem prosa, só fronteira e coisas pequenas, rotina e loiça por lavar
parado no semáforo da praça sem saber onde estou
a tarde impassível, o ar quente e sem direção.
e então o sinal abre e avanço sem saber