. to infinity and beyond .

Esta semana faz 40 anos que foram lançadas as sondas espaciais Voyager, as naves mais incríveis de sempre, o expoente máximo do engenho e do romantismo. Com elas, o bater do nosso coração forte, a nossa música, as nossas vozes viajam no espaço. A última fotografia que a Voyager tirou foi a do pálido ponto azul – o ponto azul onde tudo acontece, onde viveram todas as pessoas que existiram, que amaram, que olharam para o céu com espanto. Foi no dia dos namorados, em 1990.
Quando a Terra desaparecer, as Voyager vão continuar a sua viagem. Ontem, 25 de agosto, fez 5 anos que uma delas deixou o sistema solar – um pequeno silêncio seguido de um assobio, a sonda a dizer-nos que está fora da bolha onde sopram os ventos solares.
Hoje ao sair de casa reparei no recorte das árvores no céu azul turquesa e numa nuvem cheia de qualquer coisa que não sei explicar. Ao mesmo tempo, a canção que ouvia, disse: et alors, que restera-t-il de nous? e emocionei-me. Com o céu azul e uma nuvem branca.
Que bom não ter de esperar ser um Palomar para me espantar com o que vejo. Quem me dera ser inteiro como a água, como o mar como está hoje: não uma massa, mas cheio de textura e especificidade a cada instante.

. 26 agosto 2017 .